Como era a minha primeira escola?

A minha primeira escola pertencia a uma organização que se chamava " Protecção à Infância Desvalida". Era em Lisboa, no bairro dos Olivais. Entrava-se por um portão grande em madeira, à entrada havia um pátio com chão em calçada de pedra de basalto. Nas traseiras da escola havia um jardim, não me recordo de lá ter brincado alguma vez, mas recordo-me que o jardim tinha flores.

Quando chovia, havia recreio no pátio da entrada da escola; nesse recreio quem sabia cantar, cantava, e as restantes eram as espectadoras. O que eu mais gostava era de jogar ao ringue (jogo que se usava muito naquela época) e saltar à corda. Muitas vezes, não havia recreio, bastava que qualquer coisa aparecesse mal feita e a autora não se acusasse para que houvesse recreio. Ficávamos em pé, com as mãos atrás, quase sempre uma hora.

Também havia uma cozinha onde era feita a sopa que era dada às crianças (só sopa).

As alunas, filhas de operários, usavam uns bibes azuis aos quadradinhos, enquanto as alunas, filhas dos empregados de escritórios, usavam batas brancas, guarnecidas a bordado inglês. A escola era só feminina.

Fui para esta escola quando já tinha 11 anos feitos a 14 de Dezembro de 1946. Nesse ano saiu a lei que obrigava todas as crianças a irem à escola até aos 14 anos. Depois das férias de natal, a mi nha mãe levou-me à escola para que me aceitassem e assim foi. No 1º dia de escola levei um saco com duas asas, feito de retalhos de pano, feito por mim. Dentro, levava um caderno, um lápis, uma pedra de ardósia e um trapinho para apagar as contas que eram feitas na pedra de ardósia.

Estive na sala da 1ª e 2ª classes um ou dois meses, depois passei para a sala da 3ª e 4ª classes, fiquei na última carteira.

Não houve tempo para apanhar castigos, mas houve coisas que me impressionaram muito: eram as alunas que ficavam horas viradas para a rua com orelhas de cartão; outro facto era não deixarem as crianças ir à casa de banho e, muitas vezes, faziam xixi "nas calças".

Antes de começar as aulas, rezava-se o Pai Nosso e a Avé Maria e a seguir cantava-se o Hino Nacional. Desta escola não tenho muitas recordações, depois das férias grandes mudei de escola.

Maria Josefina Melo - Efa B2 ( nascida a 14 de Dezembro de 1935- 14 de Outubro de 2009)

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A minha segunda escola

Ainda com 11 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1947, fui para a outra escola em Santarém. A escola era uma sala improvisada dentro do Convento dos Capuchos. As recordações não são muito agradáveis, a professora era paga pelo Estado e só ia da parte da tarde, umas 3 horas por dia para todas as classes; batía-nos muito, usava dizer que a ciência estava na ponta daquela vara ( ponteiro). As freiras não nos davam tempo para estudar.

Era um instituto para crianças pobres poderem estudar, mas isso não acontecia, porque só estudavam as que os pais podiam pagar ou as que entravam com 11 anos e os pais diziam que era para irem para freiras e faziam uma vida separada das outras crianças. As outras crianças pobres eram tratadas como criadas domésticas e não lhes era dado tempo para estudar.

O convento tem a porta de entrada virada a poente, na parte virada a nascente tem uma capela (ou tinha), e na parede lateral encontra-se uma lápide com os seguintes dizeres: "Aqui jaz os restos mortais da Santa Joana Princesa". Nas traseiras do convento havia uma cerca muito grande, quando havia recreio, o que eu mais gostava era de jogar ao ringue ( era um jogo que se usava muito naquela época) e também de saltar à corda. Muitas vezes não havia recreio, bastava que qualquer coisa aparecesse mal feita e a autora não se acusasse para que não houvesse recreio e ficávamos de pé, com as mãos atrás das costas, quase um hora, em fila.

Este Convento dos Capuchos foi ocupado aquando da implantação da República, em 1910, tendo sido mais tarde adquirido pela viscondessa Luisa Andaluz, a Madre Andaluz.

Josefina, 14/10/2009 EFA B2

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Na minha aldeia

Não frequentei a escola da minha aldeia, mas havia duas salas mais antigas que as chamadas Escolas de Salazar. Recordo-me que são escolas que têm janelas bem rasgadas, viradas a nascente e a poente, pois como não havia iluminação eléctrica, esta disposição das janelas viradas para poente e para nascente era para se aproveitar ao máximo a luz solar.

A minha escola da aldeia tinha uma cerca para o recreio e ficava próximo da capela da aldeia.

Em Alcochete

Aonde é que fica a escola mais antiga de Alcochete? Penso que seja a escola Conde Ferreira, do século XIX, inaugurada a 24 de Março de 1866 ( 1880?), e que é como a escola que existe na minha aldeia. Tem janelas rasgadas, viradas também a nascente e a poente, com vidros. Tem duas portas de entrada, uma virada a nascente e outra a sul. Encontra-se no Rossio da vila e foi uma das primeiras do país, pois que até aí o ensino era ministrado em salas particulares. A escola destinava-se a 2 aulas do sexo masculino. Em 1997, deixou de se leccionar nesta escola, sendo agora ocupada por serviços da Câmara, ligados à Educação.

Josefina, B2